Poison Pills ---> Te lo dico io perchè

P I L L O L E A V V E L E N A T E S E N Z A E F F E T T I C O L L A T E R A L I

domenica, gennaio 29, 2006

Porquè no derbi de Lisboa è melhor nao ter pose de favorito...
Aguia chora...
Voltou a acontecer. Estava o Benfica em pose de favorito, após acumular triunfos em série, quando foi surpreendido pelo seu arqui-rival da Segunda Circular de uma forma inapelável, com um resultado que espelha a diferença de produção dos dois conjuntos. Foi, sobretudo, a criatividade e determinação do meio-campo do Sporting a ditar leis ontem na Luz. Quase sempre mais rápidos sobre o esférico e com maior capacidade de circulação, os leões obrigaram o adversário a ficar muito tempo na expectativa do golpe fortuito ou dos lances de bola parada. Mas, na verdade, o sistema do carrossel dianteiro dos encarnados emperrou, por falta de profundidade, de imaginação e de inspiração. Travar Geovanni e, em particular, Manduca, foi quase uma brincadeira de crianças. Mas, ainda mais inesperadas, foram as infantilidades defensivas que permitiram ao conjunto de Paulo Bento operar a reviravolta.
O desafio, realizado quase na íntegra sob uma chuva intensa, foi desagradável na primeira meia-hora. Muitos passes errados, uma sucessão de jogadas inconsequentes, ainda assim com mais bola para o Sporting - nesta fase ainda quase inócuo em termos ofensivos, demorando até aos 20' para abrir as hostilidades com uma vistosa iniciativa de Moutinho e Sá Pinto concluída por Liedson. Foi também do céu que caiu o golo inaugural. Um livre apontado sobre a direita por Simão e um gesto também ele ingénuo de Custódio a levar a mão ao esférico. O camisola 20 converte (foi o seu terceiro penálti em três jogos) e a vantagem parecia ser o estímulo extra para a gestão do jogo do Benfica, ante um adversário que precisava dos três pontos para se manter na corrida pelo título.
Mas o leão estava nutrido de fibra. Manteve a sua arrogância em campo e lançou-se, voraz, à baliza de Moretto, aniquilando as ténues tentativas encarnadas em transportar o jogo para a frente. A actuar em losango, logrou, com a generosidade de Carlos Martins e de João Moutinho, anular as subidas dos laterais contr*rios (Alcides e Nélson realizaram, porventura, as suas piores exibições de *guia ao peito), enquanto o quarteto dianteiro se via completamente manietado pelo acerto defensivo do Sporting. Quem diria... A vantagem do Benfica ao intervalo representava já um castigo pesado para os forasteiros, a quem faltara sobretudo a eficácia da finalização.
E se faltara na primeira parte, a eficiência do ataque do Sporting - ou de Liedson, em rigor -, assinou o ponto nos segundos 45'. O triunfo haveria de se construir com lances polémicos cuja discussão vai durar, mas também com uma incapacidade de Ronald Koeman em lançar mão atempadamente das soluções que dispunha no banco. Nuno Gomes pareceu ter sido derrubado por Tonel, no que poderia ser o 2-0, provavelmente fatal. A grande penalidade de Beto sobre Liedson pode deixar algumas dúvidas e foi sinalizada pelo auxiliar sobre quem o Benfica acusara o Sporting de estar a exercer pressão. Material suficiente para grandes controvérsias de natureza metafísica (diga-se assim, por optimismo).
À margem dessa discussão, a verdade é que os encarnados não conseguiram soltar-se, e a inércia não era apenas de um meio-campo passivo, mas também de uma organização ofensiva sem soluções. Só ao fim de uma hora, Koeman tentou alterar o rumo do jogo, mas de uma forma conservadora, substituindo o inexistente Manduca por mais um jogador de contenção (Manuel Fernandes). O sector defensivo do Sporting ficava ainda mais folgado e o convite a ocupar o meio-campo contrário era irresistível.
Em vinte minutos, Liedson dà a volta ao jogo. Sofre a falta de Beto no lance de grande penalidade e d* sequência a dois lances que se iniciam com dois pontapés longos de... Ricardo. Muito mais veloz do que a concorrência, o camisola 31 testou os rins de Luisão - curiosamente, na primeira volta em Alvalade tinha saltado mais alto que o central para a vitória, e deve sentir, por isso vingado, o golo que, na prática, deu o título da época passada - e pareceu supersónico ao lado de Alcides.
Foi, em suma, um triunfo inteiramente merecido e que recoloca Liedson na galeria dos grandes heróis de Alvalade. Mas, mais relevante no momento, relança o Sporting como candidato, de argumentos sólidos, ao título - agora com três pontos de desvantagem sobre o actual detentor do troféu.